ACERVO MISA
Vídeo
Curta: Memórias de um Herói de Carnaval, 2003
Descrição:
Curta-metragem realizado a partir de depoimento gravado em VHS em 1988 com Pedro Tarzan (Pedro Ferreira Auta), um dos mais importantes nomes da galeria de personagens do carnaval alagoano. Entre 1950 e 1990, Pedro Tarzan criou e desfilou dezenas de fantasias inspiradas em figuras da história brasileira e universal, índios do cinema americano e personagens bíblicas, entre outras. Pedro Tarzan faleceu em 2004.
Trecho transcrito e adaptado do depoimento de Pedro da Rocha para o realizador Janderson, em agosto de 2021
“Pedro Tarzan era um cara, ele não fazia parte dos folguedos dançantes, das brincadeiras... Mas ele era um cara que já tinha se posicionado como uma figura referencial para o carnaval de rua, pra o carnaval popular de Maceió, com as fantasias dele Era um cara negro, forte, um metro e sessenta e dois de altura, que virou uma grande referência pra mim, até rolou uma amizade entre a gente, porque o que é que me unia ao Sr. Pedro Tarzan? Ele tinha uma cultura, ele era semialfabetizado, mas ele escrevia cordel, mesmo em festas de pé quebrado. Ele tinha uma cultura geral vasta, que inspirava suas fantasias, porque se você for pegar o repertório de fantasias do Pedro Tarzan, você tem desde figuras do universo afro religioso a figuras do cinema e da história universal, como Dario III, rei da Pérsia, aqueles Índios americanos, como Touro Sentado, Flecha Vermelha... E essa relação dele com o cinema, e a maneira como ele tratava essas coisas com familiaridade, assim, uniu a gente. E ele já era aposentado, e diariamente passava na nossa sala pra conversar.
Então Pedro Tarzan foi o primeiro referencial negro, e na primeira gravação que fiz com ele, já tinha consciência dessa questão de raça, tinha orgulho de pertencer à raça negra e a raça índia.
Memória de um Herói de Carnaval, esse foi o primeiro registro, mas eu tinha feito uma outra versão, que se perdeu. Depois eu reeditei esse filme com as cenas de estúdio. Inclusive esse primeiro foi pra umas mostras de filmes etnográficos, que o Ranilson enviou, e ele ficava me dizendo que tinham adorado o filme, a figura do Pedro... Foi meu primeiro trabalho, mas não teve visibilidade.
O “Tarzan” era por causa do físico dele, que parecia o Tarzan do cinema, só não era alto como eles. Tinha umas academias populares, da região periférica de Maceió, Ponta Grossa, que ele cita no filme: Força e Saúde e Ginásio Sansão, que ele treinava, e falava orgulhoso que foi um dos camaradas mais fortes de Maceió, e todo mundo sabia disso, porque de fato era verdade. Ele era demais, por isso eu me arrependo de não ter percebido o potencial do Sr. Pedro Tarzan naquele momento. Eu gravava sem pretensão.”
Tipo:
Vídeo
Coleção:
Pedro da Rocha