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Curta: Em Nome do Pai, do Filho e da Folia, 1997

Descrição:

Curta-metragem sobre o babalorixá Manuel Soares de Melo, conhecido como Mestre Zome. Agricultor, fogueteiro e mestre de folguedos, Mestre Zome foi um dos mais conhecidos representantes das religiões de matriz africana em Alagoas. Falecido em 1994, deixou um legado de descendentes e discípulos espalhados em várias cidades alagoanas. Familiares mantem seu centro - Palácio do Rei Baluaê - em atividade na cidade de Quebrangulo.

Trecho transcrito e adaptado do depoimento de Pedro da Rocha para o realizador Janderson, em agosto de 2021

“Quando eu viajei, eu não tinha câmera VHS, eu já trabalhava com câmeras profissionais locadas, nessa época eu já era sócio de uma agência de publicidade. Eu gravei exatamente no começo de dezembro de 1995. A gente pegou um Opala da Secult e fomos eu, Nazinho, que era meu sócio na agência, o Ranilson, e um colega nosso da diretoria de pesquisa, Fernando Serqueira. Eu loquei uma câmera VHS e um microfone pra o meu colega Fernando operar. O Ranilson levou um gravador manual para o balançando o Ganzá.

Quando eu fui pra Quebrangulo pela primeira vez, em 1988, eu gravei o Zome. Era uma festa da cultura em Quebrangulo, eu fui com Ranilson e gravei o Zome. Passado os anos, eu saí da Cultura, estava na agência em tempo integral, saía de manhã de casa e voltava à noite. Aí o Ranilson me liga, o Zome havia morrido há alguns dias, e deu a ideia de registrar depoimentos com os discípulos dele que ficaram, tem uma filha dele que está tocando o terreiro, virou a Babarolixá...

Nós não tínhamos mais a VHS da Secult, aí decidimos locar uma VHS. Isso aconteceu exatamente em 1995. (...) Ranilson pegou o carro da Secult, com motorista, aí juntou mais uma caravana, e aí nós fomos. Aí a gente de fato chegou lá e gravou, fizemos vários depoimentos com os discípulos do mestre Zome. Gravamos, a gente não tinha fone de ouvido, não deu play depois pra verificar como estava a gravação. A gente gravou, colocou o microfone e gravou.

Quando nós chegamos aqui, depois de alguns dias, que eu cheguei em casa e coloquei a fita pra verificar, descobri que só tinha imagem e nenhum som. O som não tinha sido gravado. Todos os depoimentos foram gravados sem som, e eu jamais ia conseguir sincronizar o que o Ranilson tinha gravado com o gravador dele, porque eu não tinha uma ilha de edição com computador pra tentar fazer o sincronismo. Aí eu comecei a transcrever as falas daquelas pessoas e decidi criar um pesonagem, a Marcia Mariah estava começando uma produtora comigo, e dois anos depois eu fui editar, gravei em 95, em 97 foi que eu sentei pra editar esse material.

A Marcia tinha 19 anos e estava chegando lá como produtora e estagiaria de produção, aí o namorado dela na época me disse que ela era modelo e atriz, e me sugeriu um teste com ela. Eu tenho uma foto dos testes que fizemos e uma foto da gravação. Eu dirigi um ator na minha vida, mas eu sabia o que queria, a gente mesmo cuidou da maquiagem, pegou um vestido da mãe. Aí nós criamos a personagem Antonia Benjamim, que foi sugerido pelo José Maria Tenório Rocha e pelo Ranilson, que foi uma personagem que existiu em Quebrangulo há muito tempo. Aí eu criei essa personagem pra suprir essa falta do áudio.

A gente participou da primeira mostra competitiva de vídeo, e foi o primeiro filme meu que ganhou uma capa de caderno B de jornal, porque a Cintia Ribeiro foi me entrevistar, assistiu o filme e fez a matéria, e o trabalho de repente ganhou uma visibilidade, ganhou o prêmio. Eu nem fui pra ver essa mostra, porque na época eu trabalhava muito na produtora, tinha começado um ritmo louco de produção, já era sócio e estava, a gente comprou a primeira ilha de edição não linear, quer dizer, a gente gravava os plot de fita analógica, digitalizava e depois ia montar no computador, e o Zome já foi feito dessa forma.”

Tipo:

Vídeo

Coleção:

Pedro da Rocha

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