Descrição:

Pedro da Rocha Oliveira nasceu em 1957, no município de Junqueiro (interior de Alagoas), numa época em que era comum requisitar a ajuda de uma parteira. Logo de cara ele chamou atenção por ter nascido com seis dedos na mão esquerda, uma pequena particularidade que logo seria resolvida. O detalhe é que Pedro seria canhoto, fazendo tudo com a mão esquerda. Ele era um bebê lindo e carismático, todos queriam pegar no braço.

O pequeno Pedro foi crescendo curioso, atento a tudo. Tinha liberdade para sair, e saía muito para brincar e explorar a cidade, que era modesta, sem atrativos, tanto que ele buscava diversão até em área de obras. Claro, o futebol não podia faltar. Numa cidade pequena e segura como a Junqueiro dos anos 60, o único risco que as crianças corriam era o das travessuras.

Mas nem só de aventuras vivia o jovem Pedro, que desde cedo aprendeu a exercitar o intelecto. O pai, um leitor habitual, enchia a casa com livros e revistas. Sua imagem lendo livros e ouvindo rádio rodava no imaginário dele e de seus irmãos, tanto que desenvolveu o hábito da leitura e expandiu sua imaginação com as histórias em quadrinhos.

Mas não pensem que o cinema só iria aparecer na vida dele depois de grande. A igreja de Junqueiro possuía um salão paroquial onde fazia exibições de filmes, ao mesmo tempo em que o município, muito ligado a Penedo, recebia a influência de seu tradicional festival de cinema, que acontecia paralelo â festa do bom Jesus dos navegantes. Esse acesso despertou-lhe o apresso pelo cinema nacional.

Aos 11 anos começou a apresentar problemas nos ossos, o que lhe tiraria a liberdade de sair para brincar. A partir daí, passou a ser bastante reprimido e controlado pelo pai, absorto em dúvidas quanto à gravidade de sua condição. Com isso, Pedro passou a mergulhar ainda mais no universo da leitura, rádio e cinema, desenvolvendo ainda mais sua inteligência e memória. Ele seria capaz de lembrar de todos os filmes que havia assistido na infância, e nunca se privou em dizer que tudo que aprendera sobre cinema foi em Junqueiro, sua maior inspiração.

Pedro era muito próximo de suas irmãs, apesar da dicotomia que havia entre meninos e meninas nos anos 60 e 70. Por conta de suas limitações, passou a desenvolver brincadeiras com as pequenas, entre elas, o cinema, em que inventava histórias e com uma câmera imaginária, filmava suas irmãs nas mais diversas situações.

A semente de um grande diretor já estava plantada naquela criança.

*Texto de Dimas Marques, baseado no depoimento exclusivo de Graça Oliveira (irmã mais velha de Pedro), e no depoimento de Pedro da Rocha ao realizador Janderson em 2021.

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Pedro da Rocha